
O espetáculo Circo e Letras- Capítulo 2 – Escrita em si, que abre na segunda-feira, 8, a XIX Mostra de Circo Social e XII Festival Nacional de Circo, dá continuidade ao trabalho iniciado em 2024, de incentivo à leitura e à produção de textos. Ele foi criado para tentar amenizar um problema identificado entre os estudantes, com baixo índice de leitura, e consequentemente dificuldades de expressão, tanto oral quanto escrita.
Ideia lançada e desafio aceito pela coordenadora do projeto Circo da Alegria, Paula Bombonatto, que decidiu explorar um pouco mais o tema, incentivando a produção de textos pelas crianças e adolescentes. Daí surgiu o espetáculo Circo e Letras, Capítulo 2 – A Escrita em Si, que reúne memórias dos alunos sobre a atividade circense, representada no palco por diversos números. A estreia será na terça-feira, 8, às 20h, no Teatro Municipal de Toledo.

Ela traz também pela primeira vez alunos iniciantes de outras turmas, que se integram com os do nível 3, com mais experiência e habilidades. “Entendo que é importante proporcionar novas experiências aos pequenos, mas isso é proporcional à idade, responsabilidade, disciplina e interesse de cada um “, afirma Paula.
Nesta segunda fase do projeto Circo e Letras, Paula propôs aos alunos que registrassem momentos de suas vidas, através de um diário. “Seria uma forma de desabafo, principalmente neste momento de muita conexão com o celular, de uma comunicação cifrada através de emojis, em que os jovens não têm dificuldades de se comunicar. Além de expressar o que estão sentindo no momento, podem transformar-se em memórias sobre o circo na visão das crianças e adolescentes”, observou.

Por conta disso, ainda hoje, ela recebe textos dos alunos, contando como foi o dia, suas experiências no circo, com os amigos, seus sentimentos, seu posicionamento em relação à vida. “Sinto que é um projeto válido e que pode ainda ser explorado, inclusive de outras formas de expressão, como as rimas, hip hop, batalhas de slaw, hai cai, quadrinhos, entre outras possibilidades, que não só a escrita mais formal. “Precisamos aproximar os alunos da sua realidade, no local onde vivem e estas linguagens de expressão são mais próximas deles e não deixam de ser arte e literatura”.

Para Paula, ler estes relatos dá uma dimensão ainda maior da importância do projeto de circo social para as crianças e adolescentes. Ela explica que para muitos, atribulados com seus compromissos diários, com a casa, com os irmãos, com os estudos, o Circo é o único lugar realmente deles em que eles podem se expressar livremente através da arte. “A gente vê neles um brilho nos olhos, um gosto especial por estar aqui. É um momento somente deles”.

Para ela, isso serve de estímulo para se dedicar cada vez mais ao projeto, apesar das dificuldades e limitações. Quando estas crianças retornam para nós, adultos, já com família, com os filhos, a gente consegue dimensionar de fato a mudança que este trabalho trouxe para a vida deles, abrindo outros horizontes. E eles fazem questão de retornar, para mostrar para a família e para matar a saudade. A gente tem a sensação que eles somente percebem a importância do projeto depois que saem. A realidade da vida tira deles o encantamento do circo e eles percebem o quanto isso faz falta. Para nós fica a certeza de que fizemos algo que fez a diferença na vida deles e quanto eles são gratos por isso”, observa.
A XIX Mostra de Circo Social e o XII Festival Nacional de Circo são realizados pelo Circo da Alegria/prefeitura de Toledo com recursos da Lei Aldir Blanc/Ministério da Cultura e o apoio da escola municipal Anita Garibaldi e Circo Ático, entre outros parceiros.

Jornalista Eliane Cargnelutti Torres (DRT/PR 2537)
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