
A Polícia Civil do Paraná (PCPR), por meio da 20ª Subdivisão Policial de Toledo (20ª SDP), realizou uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (22), no Sindicato Rural Patronal de Toledo, para apresentar os resultados da Operação Hydra, uma das maiores ações conjuntas de combate ao tráfico de drogas já registradas na região.
Com apoio do Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron) e do 19º Batalhão de Polícia Militar de Toledo (19º BPM), a força-tarefa cumpriu 29 mandados de prisão e 36 de busca e apreensão, totalizando 65 ordens judiciais em sete cidades do Paraná (Toledo, Cascavel, Marechal Cândido Rondon, Guarapuava, Foz do Iguaçu, Irati e Ponta Grossa) e uma em Santa Catarina (Itajaí). Em Toledo foram cumpridos quatro mandados de prisão.
A investigação, que durou cerca de um ano, teve início a partir de apreensões feitas pelo BPFron e evoluiu para o mapeamento de uma organização criminosa com estrutura hierarquizada. Segundo os delegados Alexandre Macorin e Rodrigo Baptista, foram identificados núcleos distintos dentro do esquema: desde chefes com seguranças próprios e responsáveis pela lavagem de dinheiro, até o elo final da cadeia, composto pelas chamadas “biqueiras”, que faziam a revenda da droga ao consumidor final.
Durante as apurações, a PCPR detectou movimentações bancárias superiores a R$ 4,3 milhões em contas ligadas ao grupo criminoso, incluindo uma utilizada pela filha de um dos investigados para ocultar os lucros do tráfico. O principal líder da organização foi preso anteriormente em Irati, com mais de uma tonelada de maconha.
Segundo os investigadores, o grupo adotava uma logística ágil: recebia pequenas quantidades da droga, fracionava e distribuía rapidamente para pontos de venda, evitando armazenamentos prolongados. As remessas tinham como origem o Paraguai, entrando por Marechal Cândido Rondon e sendo redistribuídas para outras cidades e estados como São Paulo e Santa Catarina.
O tenente-coronel Divonsir de Oliveira Santos, comandante do BPFron, destacou a integração inédita entre as forças policiais como um diferencial para o sucesso da operação. “Hoje não importa a cor da farda, importa que a Polícia funcionou. O inimigo é o mesmo, e só com união conseguimos resultados expressivos como este”, declarou.
O BPFron registrou, apenas em 2025, mais de 110 toneladas de drogas apreendidas na faixa de fronteira. Muitas dessas apreensões ocorreram em pontos clandestinos próximos a rios e lagos, utilizados como depósitos temporários. Em vários casos, o transporte era feito por embarcações, e a atuação conjunta com a Polícia Civil e unidades como o Núcleo Especial de Polícia Marítima (Nepom) e o Comando de Operações Penitenciárias (Cope) foi fundamental para bloquear essas rotas.
A operação contou ainda com o suporte do helicóptero Falcão 13, da Secretaria de Segurança Pública, que tem base permanente em Cascavel e tem sido decisivo na localização de veículos e foragidos escondidos em áreas de mata. Equipes da Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone) também contribuíram com a Operação.
A PCPR ressaltou que as investigações continuam e que há outros alvos já identificados que seguem foragidos.